![]() Bibliotheca AlexandrinaRoberto Ribeiro Paterlini
A Nova Biblioteca de Alexandria
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A construção principal tem a forma de um cilindro com 160 metros de diâmetro e com o topo truncado. O telhado em ângulo tem o efeito de minimizar os danos dos ventos marítimos e permite o uso da luz natural. Poderá eventualmente conter até 8 milhões de volumes, com coleções especiais sobre as civilizações mediterrâneas assim como grandes coleções sobre ciência e tecnologia.
O complexo da Bibliotheca Alexandrina inclui ainda um Centro de Conferências, um Planetário, uma Escola Internacional de Estudos sobre Informações, Biblioteca para crianças, Biblioteca para cegos, Museu Científico, Museu de Caligrafia e Laboratório de restauração de manuscritos raros. início desta página
Com a morte de Alexandre o Grande, o império foi repartido entre seus generais, cabendo o Egito a Ptolomeu, parente de Alexandre. Ptolomeu se tornou faraó do Egito e expandiu seu império, iniciando a idade de ouro de Alexandria. Seu sucessor, Ptolomeu II Philadelphus, rei do Egito a partir de 287 a. C., empreendeu grandes construções na capital. Em seguida, a partir de 246 a. C., reinou seu filho Ptolomeu III Euergetes, um grande lider militar e incentivador das ciências. Sob seu reinado Alexandria atingiu o auge em fama e riqueza. Os faraós Ptolomeus empreenderam grandes construções. Uma das mais famosas foi o Farol de Alexandria. Construído na ilha de Pharos, foi considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. O farol serviu de referência para os navegantes por 16 séculos. Foi destruído por uma série de terremotos ocorridos na região, tendo desaparecido definitivamente por volta de 1300. Outras famosas construções da antiga cidade de Alexandria foram o Museu (um instituto de pesquisa em medicina e ciências naturais), a Biblioteca de Alexandria e o Templo de Serápis. Os faraós da dinastia Ptolomaica governaram o Egito até o ano 30 a. C. Os faraós homens chamavam-se Ptolomeus, e o último da dinastia foi Ptolomeu XII. Os faraós mulheres chamavam-se Cleópatras, e o último da dinastia foi Cleópatra VII, filha de Ptolomeu XII. Cleópatra VII foi o último faraó do Egito. Reinou de 51 a. C. até 30 a. C., quando os egípcios perderam a batalha de Actium, no Adriático, para os romanos. O Egito passou a ser dominado pelos Césares. Com o desmembramento do Império Romano no Século V, a cidade de Alexandria passou a fazer parte do Império Bizantino. Em 616 foi tomada pacificamente pelos Persas, e 5 anos depois voltou ao domínio romano. Em 642 os árabes a tomaram pacificamente. Os árabes preferiam a terra ao mar, de modo que mudaram a capital do Egito para a região onde hoje está a cidade do Cairo. A cidade de Alexandria perdeu o apoio governamental e ficou reduzida a uma pequena base naval. Em 1498 os portugueses descobriram um rota marítma para as Índias, acarretando mais um desastre econômico para a cidade. Foi tomada pelos turcos em 1517, e invadida por Napoleão em 1798. No início do Século IX o vice-rei otomano Muhammad Ali Pasha reconstruiu a cidade, iniciando uma nova era. A abertura do canal de Suez em 1869 trouxe grande impulso à cidade, que se tornou um porto privilegiado para o comércio entre a Europa e a Índia. Em 1882 tornou-se parte do Reino Unido, servindo de base naval nas duas grandes guerras. Os britânicos deixaram a cidade em 1946, e o Egito se tornou uma república, hoje República Árabe do Egito. A cidade de Alexandria é hoje a segunda maior cidade do Egito e seu maior porto naval.
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A idéia de Biblioteca como local de conservação e consulta pública de livros era comum a muitas civilizações antigas, no Egito, Síria, Ásia Menor, Mesopotâmia, Pérsia. Eram instituições que tinham como principal objetivo preservar e divulgar a cultura nacional. A Biblioteca de Alexandria se distinguiu por ser um centro universal, aberto ao saber e à pesquisa sem fronteiras. A idéia de uma cultura universal, cosmopolita, cultivada na Grécia, foi trazida para o Egito por Alexandre o Grande, quando da fundação de Alexandria, e por seu parente, o macedônio Ptolomeu I, o primeiro faraó do Egito sob domínio grego. Diz a História que Demétrio de Phaleron incentivou Ptolomeu I a fundar em Alexandria uma academia similar à de Platão. Foram trazidos livros da cidade de Atenas, dando início à antiga biblioteca. Nos reinados dos três primeiros faraós da dinastia Ptolomaica foram construídos a biblioteca, um museu contendo jardins, um parque zoológico com animais exóticos, salas de aula e um observatório astronômico. Parece que de 30 a 50 pesquisadores, vindos de todas as partes do mundo civilizado, participavam do complexo, sustendados inicialmente pela família real, e depois através de fundos públicos.
O acervo da biblioteca teve uma grande expansão no reinado de Ptolomeu III, que solicitava livros de todo o mundo para copiar, e utilizava os mais diversos meios para obtê-los. Com isso Alexandria se tornou um grande centro de fabricação e comércio de papiros, e uma legião de trabalhadores se dedicavam a esse mister, ao lado de inúmeros copistas e tradutores. Está registrado na História que o primeiro bibliotecário foi Zenódoto de Éfeso de 284 a 260 a. C. Seu sucessor foi Calímaco de Cirene, de 260 a 240 a. C. Calímaco empreendeu uma catalogação dos livros. Por essa época a biblioteca tinha mais de 500.000 pergaminhos de vários tipos. De 235 a 195 a. C. Eratóstenes de Cirene foi o bibliotecário. Em 195 o posto foi assumido por Aristófanes, que atualizou o catálogo de Calímaco. O último bibliotecário de que se tem notícia foi Aristarco da Samotrácia, o astrônomo, que assumiu o posto em 180 a. C. As datas aqui referidas possivelmente não são de todo exatas. De uma forma ou de outra a biblioteca funcionou até o século IV. Dizem que a biblioteca chegou a ter 700.000 pergaminhos. Era suporte para estudos de diversas áreas do conhecimento, como Filosofia, Matemática, Medicina, Ciências Naturais e Aplicadas, Geografia, Astronomia, Filologia, História, Artes, etc. Os pesquisadores alexandrinos organizavam expedições para aprender mais em outras partes do mundo. Desenvolveram tanto as ciências puras como as aplicadas. Falam-se de inúmeras invenções, como bombas para puxar água, sistemas de engrenagens, odômetros, uso da força do vapor de água, instrumentos musicais, instrumentos para uso na astronomia, construção de espelhos e lentes. A destruição da Antiga Biblioteca de Alexandria é um assunto delicado, pode-se cair em afirmações injustas devido à falta de conhecimento histórico exato. Para mais informações confira as páginas sugeridas abaixo. Existem muitas lendas a respeito, e pouca evidência histórica. Parece que a biblioteca, em função de seu grande acervo, era alocada em diversos prédios espalhados pela cidade. Dizem que as diversas invasões estrangeiras e também lutas internas ocasionaram cada uma perdas parciais. Parte do acervo foi queimado quando da invasão dos romanos em 48 a. C., diz-se que acidentalmente. Como compensação, em 41 a. C. o imperador romano Marco Antonio doou 200.000 pergaminhos à biblioteca, ato talvez não de todo meritório, pois esses pergaminhos foram subtraídos da biblioteca de Pérgamo. Depois de passar por várias vicissitudes semelhantes, conta-se que a biblioteca de Alexandria teria sofrido perdas com a tomada do poder pelos dirigentes cristãos, por volta do ano de 391. A versão de que os árabes terminaram de destruir a biblioteca quando de sua invasão em 642 está em descrédito. Parece que por essa época a biblioteca já não mais existia. Existem muitas lendas sobre os livros da famosa biblioteca e os assuntos que ali se podia ler, a respeito de alquimia, visita de extraterrestres, histórias de civilizações antiquíssimas, registros das mais diversas cosmologias, etc. Alguns autores sustentam que o essencial está a salvo em profundas cavernas em alguns locais ermos do planeta. Estariam resguardados, em algum lugar, os tratados perdidos de Matemática, assim como tantos outros? Parece que tão cedo não saberemos a verdade. início desta página
A Escola de Alexandria está entre as três maiores escolas de Matemática da antiga civilização mediterrânea, ao lado da Escola Pitagórica, que era sediada na cidade de Crotona, Itália, e da Academia de Platão, sediada em Atenas, Grécia. A influência da Escola de Alexandria se estendeu principalmente de 300 a. C. a 400 d. C. Os matemáticos mais conhecidos que estudaram ou lecionaram na antiga Biblioteca de Alexandria foram: Euclides de Alexandria, Eratóstenes de Cirene, Apolônio de Perga, Aristarco de Samos, Hipsicles, Heron de Alexandria, Menelau de Alexandria, Ptolomeu de Alexandria, Diofanto de Alexandria, Papus de Alexandria, Theon de Alexandria, Hipácia de Alexandria e Proclus Diádoco. Indiretamente outros nomes de matemáticos estiveram ligados à Biblioteca de Alexandria, como Arquimedes de Siracusa, que se correspondia com Eratóstenes, e Nicômano de Gerasa. Segue uma pequena biografia de cada um. Euclides de Alexandria. Pouco de sabe sobre sua vida, mas pode-se dizer que morou em Alexandria e ensinou na Biblioteca na segunda metade do Século IV a. C. Sua obra mais conhecida, Os Elementos, foi escrita por volta de 320 a. C. Nessa obra Euclides apresenta o conhecimento matemático de seu tempo sob uma estrutura axiomática. Os Elementos exerceu grande influência científica e pedagógica desde a época de Euclides até o início da Idade Moderna.
Eratóstenes de Cirene. Passou sua juventude em Atenas, distinguindo-se em Poesia, Astronomia, História, Matemática e Atletismo. Na idade adulta foi chamado a Alexandria por Ptolomeu III para ensinar a seu filho e para ser o bibliotecário da Biblioteca. Sua contribuição mais conhecida em Matemática é o que chamamos hoje de crivo de Eratóstenes. Distinguiu-se ainda em Geografia, e conseguiu um método para medir o raio da Terra. Arquimedes de Siracusa. Nasceu por volta de 287 a. C., e morreu em 212 a. C., durante o cerco de Siracusa empreendido pelos romanos. Talvez tenha estudado em Alexandria, mas a maior parte do tempo viveu em Siracusa. Trabalhou em diversos ramos do conhecimento, como em Astronomia, Hidrostática, Ótica, Mecânica, diz-se que inventou diversos engenhos. Em Matemática é considerado um dos grandes gênios, comparando-se a Newton e Gauss. Seus trabalhos marcaram o início do Cálculo Integral.
Apolônio de Perga. Foi educado em Alexandria por volta de 250 a. C. É considerado o maior geômetra da antiguidade, e sua obra Cônicas teve grande influência no desenvolvimento da Matemática. Aristarco de Samos. Astrônomo, propôs o sistema heliocêntrico. Calculou as distâncias relativas da Terra à Lua e da Terra ao Sol, assim como o tamanhos da Lua e do Sol em relação ao da Terra. Hipsicles. Viveu por volta de 180 a. C. Astrônomo, contribuiu em Matemática com o estudo da trigonometria, poliedros, números poligonais, progressões e equações. Heron de Alexandria. Viveu por volta de 50 d. C. Trabalhou em Mecânica, Ótica e Matemática. Nesta última distinguiu-se pelo aspecto aplicado de suas obras, dentre elas Métrica, que contém exemplos de mensuração de comprimentos, áreas e volumes. Menelau de Alexandria. Viveu por volta do ano 100. Sabe-se que escreveu várias obras de trigonometria e geometria, mas a única que se preservou foi Sphaerica. Nessa obra considerou triângulos na esfera e provou, dentre outros resultados, que a soma dos seus ângulos internos é maior do que 180o. Nicômano. Viveu por volta do ano 100. Foi um neo-pitagórico, fazendo parte do grupo de filósofos, com centro em Alexandria, que procuravam reviver os ensinamentos de Pitágoras. Sua obra Introdução à Aritmética apresenta uma introdução à Teoria dos Números sob o ponto de vista da filosofia pitagórica. Ptolomeu de Alexandria. Viveu por volta de 150, e ensinou em Atenas e em Alexandria. É considerado o maior astrônomo da antiguidade. Sua obra Síntese Matemática, em treze livros, ficou mais tarde conhecida como Almajesto, que significa "o maior". Nessa obra Ptolomeu desenvolve a trigonometria e apresenta um modelo geocêntrico para o sistema solar, modelo este utilizado por mais de 1300 anos.
Diofanto de Alexandria. Considerado um dos maiores matemáticos da civilização grega. Dentre outras obras, escreveu Aritmética, que teve grande influência na História da Matemática. Nessa obra Diofanto introduz notação algébrica e estuda equações indeterminadas, hoje chamadas equações diofantinas, em sua homenagem. Papus de Alexandria. Viveu por volta do ano 300, e é considerado o último dos grandes geômetras da antiga civilização grega. Sua obra chamada A Coleção continha 8 livros, mas parte se perdeu. O que se conservou nos dá um importante registro da geometria grega e das próprias descobertas de Papus em Matemática, Astronomia, Ótica e Mecânica. Graças à sua propensão para generalizar, Papus chegou perto do princípio fundamental da Geometria Analítica, 1300 anos antes de Descartes e Fermat. Theon de Alexandria. Filósofo e matemático, viveu por volta de 365 em Alexandria. Editou Os Elementos de Euclides, edição esta que se preservou e tem grande importância para os historiadores. Escreveu vários tratados científicos, e descreveu um método para calcular raízes quadradas com frações sexagesimais. Hipácia de Alexandria. Filha de Theon de Alexandria, era filósofa e matemática. Ensinava na Biblioteca, e escreveu comentários sobre as obras de Diofante, Ptolomeu e Apolônio. Hipácia presidia a escola neo-platônica em Alexandria, e com isso atraiu a inimizade de grupos de fanáticos religiosos, em mãos dos quais morreu martirizada, em 415. A morte de Hipácia marcou o fim de Alexandria como centro científico. Proclus Diádoco. Nascido em Bizâncio em 412, morreu em 485. Estudou em Alexandria e ensinou em Atenas, onde se tornou o líder da Escola Platônica em sua época. Diádoco significa Sucessor, cognome aplicado a Proclus possivelmente por ser considerado o sucessor de Platão. Proclus era filósofo e estudioso da Matemática. Seu livro Comentário sobre o Livro I de Os Elementos é muito importante para a História da Matemática, pois ao escrevê-lo Proclus utilizou um exemplar da História da Geometria, de Eudemus, obra hoje desaparecida, assim como um exemplar de Comentários sobre Os Elementos, de Papus, hoje quase todo perdido. Proclus era um escritor prolífico e fez comentários sobre passagens difíceis da obra de Ptolomeu. início desta página
[a]
http://www.sis.gov.eg/alex-lib/html/alex0.htm
Alexandria Library
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[1] Biblioteca Alexandrina: é possível revivê-la?
Revista Univerciência, Ano 1, no 2/3, página 26. Universidade
Federal de São Carlos,
http://www.univerciencia.ufscar.br.
início desta página Apresentado para publicação em 24/02/2003 por Roberto Ribeiro Paterlini, do DM-UFSCar. O autor utilizou as referências listadas acima. As figuras sem referência foram obtidas em sítios de divulgação da Bibliotheca Alexandrina. Não conseguimos a autoria. Revisado por Nelio Baldin, do DM-UFSCar. Publicado em 14/04/2003. Atualizado em 14/04/2003. |