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PitágorasJoão Carlos Vieira Sampaio
Pequena Biografia Pitágoras (570-500 a.C.) foi um matemático grego, tendo sido também lider religioso, místico, sábio e filósofo. Nasceu em Samos, uma ilha grega na costa marítima do que hoje é a Turquia. Viajando a Mileto, uma cidade grega 50 quilômetros a sudeste de Samos, aprendeu Matemática com Tales (624-546 a.C.), considerado o fundador da Matemática grega. Segundo antigos historiadores, Pitágoras viajou para o Egito e para a Babilônia, onde é provável que tenha se encontrado com o profeta Daniel. É provável também que Pitágoras tenha estudado na Índia. Sua crença na reencarnação talvez tenha origem indiana. Um de seus contemporâneos é Buda, e é provável que Pitágoras e Buda tenham se encontrado. Em torno de 525 a.C. Pitágoras mudou-se para Crotona, uma cidade ao sul da Itália, onde fundou a Ordem (Escola) Pitagórica. Casou-se com Teano, provavelmente a primeira mulher matemática da história. A Escola Pitagórica O termo Escola Pitagórica se refere a uma escola filosófica no sentido histórico cuja existência se prolongou por mil anos desde sua fundação. O modo de vida e as doutrinas atribuídas a Pitágoras, provenientes de sua escola, recebem o nome de pitagorismo. Segundo historiadores, a Escola Pitagórica tinha um caráter peculiarmente duplo. Por um lado, dedicava-se a questões espirituais: os pitagóricos acreditavam na imortalidade da alma e na reencarnação e tinham a auto-reflexão como um dever consciente e imprescindível na espiritualização da vida. Por outro lado, como parte dessa espiritualização, incluía estudos de Matemática, Astronomia e Música, o que lhe imprimiu um caráter também científico, no sentido moderno da palavra. O estudo da Matemática - confundindo-se com a filosofia, pois "tudo é número" - era feito para promover a harmonia da alma com o cosmo. Dentre os princípios filosóficos que norteavam a escola pitagórica, destacam-se: a alma é imortal e reencarna-se; os acontecimentos da história repetem-se em certos ciclos; nada é inteiramente novo; todas as coisas vivas são afins; os princípios da Matemática são os princípios de todas as coisas. Dentre os principais nomes da Escola Pitagórica destamos: Filolaus de Tarento (nasceu c. 470 a. C. e morreu c. 390 a. C.), Arquitas de Tarento (nasceu em 428 a. C. aproximadamente) e Hipasus de Metapontum (viveu por volta de 400 a. C.). O pitagorismo influenciou fortemente as obras de Demócrito de Abdera e Platão. Alguns séculos mais tarde houve uma revivência da Escola Pitagórica, e seus protagonistas passaram a ser chamados de neo-pitagóricos. Dentre esses destacamos Nicômaco de Gerasa, que viveu em torno do ano 100. Tudo é Número Os Pitagóricos chegaram à razoável conclusão, em seus estudos, de que "tudo são números". Essa afirmação parece ter sido fortemente influenciada por uma descoberta importante da Escola Pitagórica, a explicação da harmonia musical através de frações de inteiros. Os Pitagóricos notaram haver uma relação matemática entre as
notas da escala musical e os comprimentos de uma corda vibrante. Uma corda de determinado
comprimento daria uma nota. Reduzida a 3/4 do seu comprimento, daria uma nota uma quinta
acima. Reduzida à metade de seu comprimento, daria uma nota uma oitava acima. Assim os
números 12, 8 e 6, segundo Pitágoras, estariam em "progressão
harmônica", sendo 8 a média harmônica de 12 e 6. A média
harmônica de dois números a e b é o número
h dado por 1/h = (1/a + 1/b)
Pitágoras dava especial atenção ao número 10, ao qual ele chamava de número divino. Dez era a base de contagem dos gregos, e dez são os vértices da estrela de Pitágoras. "A estrela de Pitágoras" é a estrela de cinco pontas formada pelas diagonais de um pentágono regular. O pentágono regular era de grande significação mística para os Pitagóricos e já era conhecido na antiga Babilônia.
As diagonais do pentágono regular cortam-se em pontos de divisão áurea. O ponto de divisão áurea de um segmento AB é o ponto C desse segmento que o divide de modo que a razão entre a parte menor e a parte maior é igual à razão entre a parte maior e o todo, ou seja, AC/CB = CB/AB. Para os antigos gregos, o retângulo áureo, isto é, de lados proporcionais aos segmentos AC e CB, é o retângulo de maior beleza. A crise na Escola Pitagórica Uma das mais importantes descobertas da Escola Pitagórica foi a de que dois segmentos nem sempre são comensuráveis, ou seja, nem sempre a razão entre os comprimentos de dois segmentos é uma fração de números inteiros (número racional). Essa descoberta foi uma conseqüência direta do teorema de Pitágoras: se um triângulo retângulo tem catetos de comprimento 1, sua hipotenusa terá um comprimento x satisfazendo x2 = 2, e portanto a razão entre a hipotenusa e um cateto não será uma fração de dois inteiros, já que a raiz quadrada de 2 é um número irracional. Parece que isso desgostou profundamente os Pitagóricos pois era uma descoberta inconciliável com a teoria dos números pitagórica. Somente no século IV a.C., Eudoxo, com sua teoria das proporções, redefiniu um conceito mais geral de razão entre dois segmentos, permitindo, em sua teoria, definir-se a razão entre dois segmentos comensuráveis ou não. Acesso a outros endereços na internet sobre
Pitágoras
Referências
O Teorema de PitágorasYolanda Kioko Saito Furuya Relacionado ao nome de Pitágoras temos o famoso Teorema de Pitágoras, amplamente utilizado na Matemática Elementar. Teorema de Pitágoras: Num triângulo retângulo a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Em outros termos, se a e b são os catetos do triângulo retângulo e se c é sua hipotenusa, então a2 + b2 = c2.
A tradição matemática ocidental, durante longo tempo, atribuiu a descoberta deste teorema a Pitágoras. Pesquisas históricas mais recentes constataram que o teorema era conhecido pelos babilônios, cerca de 1500 a.C., portanto muito tempo antes de Pitágoras (confira [2], p. 61 e 63). Os chineses o conheciam talvez por volta de 1100 a.C. e os hindus provavelmente cerca de 500 a.C. (confira [1], cap. 12). Uma das demonstrações mais elegantes do Teorema é conhecida como a demonstração do quadrado chinês. Dado um triângulo retângulo de catetos a e b e hipotenusa c, construímos dois quadrados de mesmo lado a+b. Em cada um desses quadrados dispomos quatro cópias do triângulo retângulo, como na figura abaixo (em vermelho). A soma das áreas remanescentes do primeiro quadrado (em amarelo e verde) é igual à área remanescente do segundo quadrado (em azul). Portanto a2+b2=c2.
Outra demonstração, também obtida da decomposição do quadrado, é atribuída a Bhaskara, matemático hindu do Século XII. Segundo [2], p. 258, Bhaskara teria apenas desenhado a figura e escrito "Veja!", sem dar maiores explicações.
Existem por volta de 400 demonstrações do Teorema de Pitágoras. Na internet você pode obter mais informações:
Referências
A Árvore de PitágorasYolanda Kioko Saito Furuya
A Árvore de Pitágoras tridimensional pode ser obtida de forma semelhante, com algumas adaptações, para facilitar a colagem:
Referências
Ramos da MatemáticaRoberto Ribeiro Paterlini
A figura da Árvore de Pitágoras nos recorda que a Matemática é às vezes comparada com uma árvore, com raízes (Fundamentos da Matemática), tronco (estruturas numéricas e geométricas) e galhos (os principais são a Álgebra, a Análise e a Geometria). Independentemente de ser ou não apropriada essa comparação, vamos fazer uma breve descrição da Matemática, conforme a vemos hoje. O que é Matemática. Os matemáticos, em geral, preferem se
abster de definir a Matemática. Penso que isso se deve a um sentimento ou a uma
impressão de que, apesar do muito que já foi conseguido no desenvolvimento
dessa ciência, algo de grande importância ainda precisa ser compreendido,
conforme sugere a citação. Conscientes do caráter efêmero de
tudo que é construído pelo homem, talvez seja mais prudente
aguardar o amadurecimento dos tempos, e limitar nossas considerações à
descrição do que tem sido efetivamente conseguido.
O trabalho dos matemáticos, no presente ciclo de desenvolvimento, tem sido o de captar e compreender os arquétipos (1) do plano mental abstrato (2) relacionados com as idéias de quantidade e forma, e representá-los e operacionalizá-los no plano mental concreto (3) através do simbolismo algébrico. Assim são construídos os modelos matemáticos. Dentre eles, os mais conhecidos e utilizados pela ciência e pela sociedade em geral são os modelos numéricos. Aspectos externos desses modelos, como o sistema de representação decimal e os algoritmos para implementação das operações aritméticas constituem uma das invenções científicas mais bem sucedidas da história da humanidade. Os modelos matemáticos evoluem através dos tempos e acabam sempre por serem substituídos por modelos mais abrangentes e mais perfeitos. Faremos a seguir uma breve descrição dos principais ramos da Matemática. Álgebra. O estudo da Álgebra se iniciou no mundo antigo, com a invenção dos sistemas de representação numérica e suas aplicações a problemas envolvendo variáveis desconhecidas. Disto se originou o primeiro grande problema da Álgebra, a resolução de equações polinomiais. As equações de grau um e dois foram estudadas na Antiguidade. No Século XVI as equações de grau três e quatro foram solucionadas na Itália por Tartaglia, G. Cardano e L. Ferrari. No início do Século XIX os matemáticos N. H. Abel e E. Galois mostraram que as equações de grau maior ou igual a cinco não podiam, em geral, serem resolvidas por radicais. Destas idéias nasceu a Teoria dos Grupos, dando origem à Álgebra Abstrata. Os principais ramos da Ágebra hoje são Curvas Algébricas, Equações Algébricas, Funções Algébricas, Geometria Algébrica, Grupos Algébricos, Corpos Algébricos Numéricos e Variedades Algébricas. Análise. O estudo da Análise se iniciou na Grécia Antiga com Eudoxus (4º século antes de Cristo) e Arquimedes (3º século antes de Cristo) quando desenvolveram o método da exaustão para o cálculo de áreas e volumes. Este problema foi retomado nos séculos XVI e XVII por F. Viéte, J. Kepler e B. Cavalieri. Ainda no Século XVII R. Descartes, P. de Fermat, B. Pascal e J. Wallis desenvolveram novos métodos para o cálculo de áreas e volumes e para a solução do problema de determinar a tangente a uma curva. Em 1684 foi publicado o primeiro trabalho de G. W. Leibniz sobre Cálculo e, em 1687, o Principia de I. Newton. Essas duas obras exerceram grande influência, dando origem ao Cálculo Diferencial e Integral e a outros ramos da Análise. Os principais ramos da Análise hoje são Funções Analíticas, Conjuntos Analíticos, Espaços Analíticos, Equações Diferenciais e Análise Numérica. Geometria. Pode-se dizer que a Geometria começou a se desenvolver na pré-história, quando o homem dava os primeiros passos na abstração das formas. Muitas propriedades geométricas foram usadas pelos povos antigos, mas foram os matemáticos da Antiga Grécia que deram início à sistematização da Geometria, dando origem à primeira estrutura axiomática, a Geometria Euclidiana, descrita por Euclides em Os Elementos. Os axiomas escolhidos por Euclides deram origem ao problema da independência do quinto postulado, problema que teve grande importância no desenvolvimento da Geometria, pois deu ensejo ao aparecimento, no Século XIX, dos modelos geométricos não-euclidianos. Outro passo crucial no desenvolvimento da Geometria foi a invenção, no Século XVII, da Geometria Analítica e da Geometria Projetiva. Da Geometria se originou ainda a Topologia, que tem hoje considerável influência na Matemática. Outros ramos da Matemática.
A combinação dos métodos da Álgebra, Análise e Geometria
deu origem a outros ramos da Matemática, como Teoria dos Números, Geometria
Diferencial, Topologia Diferencial, Topologia Algébrica, Estatística,
Probabilidade, Análise Combinatória, Sistemas Dinâmicos,
Matemática Computacional, Programação Matemática, Teoria dos
Jogos, etc. Por outro lado, da interação da Matemática com outras
ciências se desenvolveram a História da Matemática, a
Física-Matemática, a Mecânica dos Fluidos, a Termodinâmica, a
Elasticidade, a Teoria Eletromagnética, os Métodos Matemáticos para a
Engenharia, Economia, Biologia, Ciências Médicas e Ciências do
Comportamento, a Teoria do Controle, etc. A Matemática se preocupa também com
seus fundamentos epistemológicos, e assim da Lógica nasceu a Lógica
Matemática.
Pequeno Glossário
Referências
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